sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Considerações Sobre o Taijiquan Yang de Fu Shen Yuan

Comecei a praticar o Tai Chi aos 9 anos de idade. Graças aos ensinamentos e à orientação do mestre Yan Chen Fu e a mais de 70 anos de prática dedicada e constante, minha saúde tem sido sempre boa e consegui desenvolver o que se chama kung fu no Tai Chi, que significa grande habilidade ou destreza no Tai Chi.

A popularidade do Tai Chi como arte esportiva e benéfica à saúde tem crescido muito nos últimos anos. Os princípios do Tai Chi foram originalmente considerados sob a perspectiva de arte, mas agora são acatados como tendo base científica. O Tai Chi é tão profundo como arte quanto como ciência. Seu conteúdo é sutil e difícil de avaliar em profundidade. A compreensão dos seus princípios acontece em vários níveis diferentes de entendimento. Para se adquirir verdadeiro kungfu no Tai Chi é preciso praticar com empenho, de acordo com os princípios estabelecidos. Quanto mais se pratica, mais se compreende e maior a vontade de se exercitar. Além de obedecer aos princípios de Tai Chi e de receber instrução adequada, é necessário prestar atenção aos seguintes pontos:

PRIMEIRO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO

JIN

O desenvolvimento e a compreensão do Jin. Como conseqüência do exercício diário e correto, o praticante desenvolve gradualmente essa força (jirí), que é diferente da força bruta. O jin somente será experimentado quando a prática tiver atingido certo grau de maturidade. Esse jin pode ser melhor descrito como hunjin.

Pela minha experiência, hun jin é semelhante ao caniço sobre o lago, soprado pelo vento de outono, porém não se quebra. Hun Jin é também como as ondas do mar, que se sucedem uma após outra.

Embora a água seja branda, suave, sua força é tremenda. O desenvolvimento do hun jin forma a base que leva ao patamar de acesso aos níveis mais altos da prática do Tai Chi. Uma vez experimentado o jin, a prática será mais refinada e vigorosa.

SEGUNDO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO

O primeiro estágio consiste no desenvolvimento dojin; o seguinte é o desenvolvimento do chin ling jin (uma força que é leve, ágil e vigorosa). Hunjin é uma força poderosa que está inserida na suavidade; daí o Tai Chi ser muitas vezes chamado de punhos de algodão; chin ling jin imprime a cada movimento os entendimento de bem-estar e vivacidade. Hun jin e chin ling jin se complementam, e o entrelaçar dos dois dá ao praticante a habilidade de ser simultaneamente suave e forte, assim como a agulha envolta em algodão. Quando se é capaz de expressar a combinação de hun jin e chin ling jin em Pung (afastar, repelir); Lu (recuar); Ji (pressionar); An (separar e empurrar), de maneira natural e de usá-los apropriadamente em qualquer circunstância, então se terá alcançado um alto nível de wushu. Além de desenvolver o Jin no Tai Chi é preciso seguir o método correto de prática. Ao executar os movimentos sem compreender o método, o praticante jamais desenvolverá kung fu. Além de seguir os preceitos do Tai Chi e de praticar aplicadamente, deve-se prestar especial atenção nas seguintes partes do corpo:


Olhos
Deve-se olhar à frente, evitando fitar o chão ou olhar para cima. A concentração deve ser alerta, vivaz. Evitar expressão de zanga, de apatia e desatenção.

Cintura
A cintura é considerada o comandante de um exército, e nunca será demais enfatizar sua importância. Na prática do Tai Chi, a cintura deve estar sempre nivelada, nunca um lado mais alto que o outro, em relação ao chão. Deve-se prestar bastante atenção à posição da cintura. Nos seguintes movimentos: Mão de Nuvem, Escovar o Joelho, Caminhar Obliquamente, Buscar a Agulha no Fundo do Mar, Dar um Tapinha no Cavalo. Em todos esses movimentos é preciso manter o equilíbrio. Isto se assemelha à agulha da bússola, que pode apontar para todas as direções sem perder seu centro. Nas artes marciais diz-se controlar o centro (de gravidade). Para manter o centro durante a seqüência de Tai Chi é preciso prestar atençãovcóccix. Certifique-se de que ele está alinhado com os outros centros energéticos como o Dan Tian, por exemplo.

Uma vez que o espírito alcance o topo da cabeça e o cóccix esteja ereto, o centro de gravidade está mantido. Durante o movimento, se o corpo se inclinar para frente ou para trás, o pescoço estiver arqueado, as nádegas protuberantes e a cintura flutuante, desnivelada, o praticante perderá seu centro, e a respiração será afetada. Se esta prática incorreta for adiante, a respiração ficará desigual, o chi não se aprofundará no Dan Tian e o pescoço ficará tenso, sem naturalidade; o cheio e o vazio não poderão ser diferenciados um do outro; a parte superior e a inferior do corpo ficarão desconectadas, bloqueando o fluxo de energia (chi) e a circulação do sangue por todo o corpo.
Se a prática for incorreta será impossível atingir níveis mais elevados de conhecimento, mesmo que se exercite por toda a vida.

REQUISITOS PARA BRAÇOS E PERNAS

O treinamento no Tai Chi exige o uso dos quatro membros. Diz um antigo ditado: "os braços e pernas devem tomar a conformação de uma cesta de vime". Isso significa que ele nunca se estendem completamente; encurvam-se como um arco prestes a disparar a flecha. Em An (separar e empurrar) os braços ficam arredondados para que, na aplicação dos movimentos, possam ser estendidos para a frente, se necessário. Se os braços forem completamente esticados no princípio, não haverá a possibilidade de continuar a atacar, pois a energia potencial já terá sido gasta. Por exemplo, nos movimentos Chicote e Repartir a Crina do Cavalo, a perna de trás aparenta estar esticada, mas está, na verdade, ligeiramente arqueada; os joelhos devem apontar na direção dos dedos dos pés correspondentes, dando à postura obtida a aparência de um arco, daí o nome Postura do Arco. Nessa posição a força vem dos calcanhares, que devem estar como que enraizados no chão. Em suma, os quatro membros devem estar como que arredondados, para se tornarem ágeis, vigorosos e estáveis. Deve-se, portanto, evitar estender os membros superiores e inferiores e também usar a força.

ANÁLISE DOS QUATRO MEMBROS E SEUS COMPONENTES

As MÃOS
As palmas repousam no pulso, mas o coração da palma (a parte central) deve ser ligeiramente côncava.



DEDOS
Não crispados, nem muito esticados; não grudados uns nos outros. Em outras palavras, relaxados; parecendo estar se abrindo, mas não completamente abertos.

OMBROS
Mantê-los relaxados e afundados. Isso significa que não se deve usar força nos ombros, nem erguê-los.

COTOVELOS
Abaixados. Por exemplo, no movimento A Garça Abre as Asas, embora o braço direito suba para afastar, o cotovelo mantém-se baixo.

A ORDEM DOS MOVIMENTOS
O ombro guia o cotovelo. O cotovelo guia o pulso. Os dedos comandam a palma. Enquanto a palma guia o braço, cotovelos e ombros devem estar afundados e relaxados. Coordenar cintura e pernas com as mãos, cotovelos e ombros, para que as partes superior e inferior do corpo estejam bem conectadas e fluindo como um todo. O corpo deve mover-se em harmonia e fluir de um movimento para o outro sem uso da força. Caso se empregue força, os movimentos, em conseqüência ficarão enrijecidos e sem naturalidade.

MOVENDO-SE À MANEIRA DE UM FELINO
Sempre que se der um passo à frente, colocar primeiro o calcanhar no chão, e então, gradualmente, transferir o peso até que a perna à frente esteja cheia. Evitar torcer o joelho para dentro. O joelho que estiver à frente deve estar na mesma linha vertical tirada a partir da ponta dos dedos dos pés. Semelhante ao andar do gato, cada passo é levíssimo e firme, o corpo bem relaxado e vivo, alerta. A perna de trás deve estar aberta e firme, com jin, e não vacilante.

LEVANTANDO o PÉ
No movimento Mãos de Nuvem, quando se levanta o pé, erguer o calcanhar, depois os dedos. Ao dar o passo, apoiar os dedos no chão e então, gradativamente, transferir o peso.
Distinguir sempre o cheio do vazio a cada passo (colocar os dedos ou o calcanhar em primeiro lugar no chão depende do método de cada mestre).

AFUNDANDO o PEITO
À medida que se consegue relaxar, o peito afunda. Cuidado para que não se use força e evitar inclinar o tronco, pois isso poderá interferir no ato de afundar o tórax. As articulações dos braços devem estar relaxadas e a respiração, natural.

As COXAS
Mantê-las arqueadas, em forma circular. Esse círculo não tem relação com a largura ou comprimento do passo. As coxas devem estar relaxadas, não tensas. Se estiverem relaxadas, conseqüentemente arquearão com facilidade.

POSTURA
Os joelhos devem mover-se no mesmo plano horizontal; a altura será ajustada de acordo com o exigido em certos movimentos. A parte inferior do corpo deve ser sólida. Quando uma perna é erguida, o praticante deve se sentir estável e natural. Manter o corpo ereto e respirar naturalmente. Ao coordenar as partes superior e inferior do corpo e manter os movimentos fluentes e contínuos, o praticante experimentará a sensação de destreza e vivacidade.

ESTADO DE ESPÍRITO
A mente deve estar aquietada, serena e alerta. Ao praticar a seqüência não se deve olhar para o chão, o que dará a impressão de indolência e não de vitalidade. O olhar exaltado, o tronco protuberante e os dentes à mostra devem também ser evitados. O corpo deve estar sempre em movimento, não parar nem por um segundo. Isso também significa que a mente está sempre à frente, no comando, dirigindo o mais diminuto gesto.

Seguir o padrão clássico de Tai Chi. Isso se refere ao padrão estabelecido pelos Grandes Mestres. Durante a prática, observar o que é necessário em cada movimento, e manter o corpo relaxado e natural, sem torções. Um velho ditado nos fala que devemos "seguir as regras, digeri-las e sempre aderir a elas". Este é o espírito da prática perseverante e minuciosa, indispensável para que se atinja um alto nível de kung fu (destreza, habilidade)^ mesmo a menor divergência do padrão clássico pode significar uma enorme defasagem em relação ao modelo.

SUMÁRIO
No Tai Chi cada movimento tem sua característica própria. É preciso prestar atenção nos detalhes para, gradativamente, compreender seu significado. Se os braços e pernas estiverem alongados ao exagero, a cintura e as pernas não se moverão harmoniosamente, o que causará rigidez muscular. Deve-se coordenar a parte superior com a parte inferior do corpo. Executar cada movimento de modo claro: não deixar que um se confunda com o que vem a seguir. Isso é como dobrar uma folha de papel em várias seções iguais: é preciso respeitar a dobradura sem variar seu tamanho. Por exemplo, de Lu (recuar) para Ji (pressionar), se o tempo requerido para cada um estiver em desacordo, a situação será semelhante a de um erro na dobradura do papel, e os movimentos não serão precisos e adequados. A primeira fase é aquela em que os movimentos devem ser abertos e amplos. À medida que a prática vai amadurecendo, os movimentos tornam-se mais refinados e interligados. Prestar atenção aos detalhes e praticar com dedicação.

Os movimentos devem fluir do começo ao fim da seqüência, como um rio sem fim. Quando houver algum engano, não interromper a seqüência para repetir o movimento, pois isso quebra o jin. Continuar até o fim da seqüência. Se desejar corrigir algum movimento, praticá-lo individualmente. Pela repetição diária da seqüência, o praticante finalmente adquirirá kungfu, isto é, destreza e perfeição no que faz.

O TAI CHI E SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS À SAÚDE

O Tai Chi é um dos tesouros culturais da China. Essa arte tem sido transmitida de geração para geração através dos tempos. É famosa por sua eficácia na prevenção de doenças e na manutenção da saúde. Na China é usada como forma de terapia para convalescentes na maior parte dos hospitais.

SISTEMA NERVOSO

O Tai Chi da Escola Yang exige que a mente do praticante esteja em relaxamento, porém atenta, focalizada. A mente deve comandar os movimentos do corpo durante a seqüência, cuja execução se estende por mais ou menos 20 minutos. Praticar a seqüência requer alto grau de concentração e relaxamento, devido à sutileza dos movimentos e ao modo como são interligados. Conseqüentemente, observa-se grande melhora na coordenação e no refinamento do controle motor. A mente, mobilizada para comandar o corpo entra finalmente em estado de completa absorção. À medida que ela se torna mais poderosa, a concentração aumenta, e o praticante adquire maior controle sobre seu sistema nervoso; isso, em conseqüência, vai ajudá-lo a manter-se sereno, relaxado, e a ter maior equilíbrio físico e mental. Esse processo de fortalecimento do sistema nervoso vai continuar indefinidamente, com a regularidade do exercício. O Tai Chi é portanto especialmente benéfico para as pessoas com problema de concentração e para os que trabalham sob constante pressão ou sofrem de insônia.

SISTEMA RESPIRATÓRIO
Com a prática regular, começamos a respirar diafragmaticamente, o que propicia ao Chi "afundar" no Dan Tian. Pouco a pouco a respiração torna-se mais profunda, mais alongada, refinada, suave e constante. Isso ajudará a aumentar a capacidade pulmonar e a fortalecer o diafragma. Esta membrana vai ajudar na respiração e vai reduzir a pressão dentro da cavidade toráxica, e assim os pulmões terão muito mais liberdade de movimento. Esse processo melhora a oxigenação do sangue e a elasticidade dos tecidos pulmonares. Por isso, o Tai Chi é considerado benéfico ao sistema respiratório.

SISTEMA CARDIO-VASCULAR
A prática exige que se procure relaxar todo o corpo, e que se evite usar força bruta. Os movimentos devem ^er leves^ relaxados^ el^executados lentamente, o funcionamento do sistema linfático e a circulação do sangue terão grande melhora. Um sistema respiratório mais eficiente vai reduzir o esforço cardíaco. Durante a prática do Tai Chi, embora haja transpiração, a respiração deve se manter profunda e lenta, e a pulsação não se acelerará. Hoje muitos médicos já recomendam a prática do Tai Chi aos seus pacientes com problemas cardíacos ou de pressão, por julgarem que os movimentos arredondados, contínuos e suaves não forcem o coração.

MÚSCULOS, ARTICULAÇÕES E TENDÕES
No Tai Chi nossas articulações devem estar relaxados e arredondados, e nossos movimentos descrevem círculos e elipses. Todos os músculos e articulações do corpo estão envolvidos na execução dos movimentos. À medida que os músculos vão se relaxando, torna-se mais fácil exercitar os ligamentos, os tendoes e as articulações, que depois de algum tempo ficarão mais fortes e flexíveis. Comparativamente, é mais fácil fortalecer os músculos que os ligamentos, tendoes e articulações. Um dos motivos para isso, é a falta de irrigação de sangue nessas áreas, devido à densidade na constituição. Os movimentos constantes e redondos ajudam essas áreas de difícil acesso a se exercitarem.

É sabido que o exercício regular ajuda a fortalecer nosso tecido ósseo. Uns dos ditames mais importantes da prática do Tai Chi é a boa postura. Aprender a conservar a coluna ereta embora relaxada vai ajudar a reduzir a pressão sobre as articulações, a coluna vertebral e os órgãos internos. No Tai Chi a combinação de boa postura, pernas fortes e constante rotação da parte lombar da coluna ajudam a prevenir e aliviar problemas na parte inferior da coluna vertebral e a reduzir os efeitos da degenerescência da idade.

A constante contração e expansão dos músculos (yin-yar^ vem ajudar a elevar sua elasticidade, reduzindo a possibilidade de lesões. Por outro lado, músculos tensos e sem flexibilidade estão mais expostos a lesões. No estilo da Escola Yang de Tai Chi o praticante dá a volta sobre a perna "cheia" (onde repousa o peso maior) sem tirar o peso sobre essa perna antes de executar o movimento seguinte. Isso promove o treinamento completo dos músculos da perna. Com a prática regular, durante algum tempo, força, equilíbrio, agilidade e flexibilidade serão aumentados.

A CIRCULAÇÃO DO CHI
Uma das principais características do Tai Chi é a circulação do Chi (energia vital). Chi é uma energia essencial que flui ao longo dos meridianos a fim de nutrir nosso corpo e protegê-lo da doença. Na medicina chinesa, a doença é comumente associada à circulação deficiente do Chi, causada por bloqueios nos meridianos. A saúde, por outro lado, é associada a um fluxo constante, desbloqueado, do Chi, ao longo do corpo, como a água corrente, que jamais se estagnará. Os princípios básicos do Tai Chi, como: relaxamento, arredondamento das articulações, movimentos vagarosos e contínuos, mente serenasão todos pré-requisitos para uma livre circulação do Chi. O Tai Chi é uma das ferramentas usadas na medicina chinesa tradicional, a fim de estimular e fortalecer o fluxo do Chi ao longo do corpo.

A IMPORTÂNCIA DO RELAXAMENTO
Os efeitos benéficos do relaxamento físico e mental na saúde jamais serão devidamente enfatizados. Muitos acreditam que estão relaxando quando estão lendo, ouvindo música, andando, praticando esporte, vendo televisão ou dormindo. Em comparação com os níveis de "stress" no trabalho, por exemplo, as atividades acima mencionadas são menos estressantes, mas elas somente representam estágios iniciais de relaxamento. Seus níveis mais profundos são alcançados quando a mente não está mais divagando, isto é, quando está calma e concentrada.

A arte chinesa do Tai Chi vem ganhando popularidade internacional por sua capacidade de fazer relaxar e fortalecer o corpo e a mente. Como exercício, pode ser praticada por pessoas de todas as idades. Não é preciso estar fisicamente em forma para começar a aprender. Porém, através da prática regular, o fraco pode tornar-se forte e saudável. Se a humanidade quiser beneficiar-se do Tai Chi, seus princípios e métodos de treinamento devem ser compreendidos e seguidos corretamente. Se o praticante não seguir esses princípios, seu Tai Chi não será nada além de uma dança. O cultivo do Chi; o fortalecimento dos ligamentos, tendões e articulações; o relaxamento interno e externo não acontecerão. Alguns benefícios serão obtidos, assim como a dança tem valor como exercício. Entretanto, esses benefícios serão de valor superficial, se compararmos com o tipo de benefícios de saúde que serão evidentes se o Tai Chi for praticado corretamente. Espero que continuem a se exercitar diariamente, a fim de preservar a saúde e a vitalidade, até atingirem a velhice.

Dr. Wang Chang Fei, praticante de Tai Chi e aluno aplicado do Mestre Fu Shen Yuan.

PONTOS IMPORTANTES NO APRIMORAMENTO DA PRÁTICA DO TAI CHI* Tui Sou.

a.. O treinamento de Tui Sou o ajuda a compreender como empregar o Tai Chi como arte de luta. Pode desenvolver ainda mais sua coordenação; sua capacidade de relaxar enquanto sob pressão; e melhora seus reflexos.

b.. O Tui Sou é particularmente útil no desenvolvimento do jin de adesão e de cessão.

c.. O Tai Chi consiste de suavidade e dureza, expansão e contração, compacto e vazio.

d.. Se sua capacidade de escutar for bem desenvolvida, você pode interpretar o ataque de seu oponente e dar a resposta adequada. Escutar, neste contexto, demanda um alto grau de sensibilidade e envolve todo o seu ser.

e.. Se você sente que o contato de seu oponente é sólido, então esvazie aquela parte de seu corpo. Se sente que esse contato é vazio, então torne compacta aquela parte de seu corpo. Do compacto para o vazio, e vice-versa; você está constantemente ajustando o ponto de equilíbrio.

f.. Você conhece o seu oponente muito bem, mas ele não compreende você. Isso levará o seu oponente a ficar confuso. Quando ele estiver confuso, é hora de atacá-lo usando o jin.

g.. É importante compreender como aplicar sua força interna. Ceder para neutralizar a força de seu oponente, e aderir para controlá-lo. Se você não é capaz de ceder e aderir, há pouca chance de chegar um dia a utilizar o Tai Chi como arte marcial.


O JIN DE ADERIR

Isto refere-se à capacidade de não afastar ou perder contato com ojin de seu oponente. Devido à importância de cada um destes pontos convém dedicar-lhes cuidadosa atenção. Por meio do exercício aplicado, você chegará passo a passo ao conhecimento e à experiência do significado destes ensinamentos. Com a forma de apresentação que utilizamos, pretendemos manter o sabor da transmissão oral, que tem sido e continua sendo o modo tradicional de passar conhecimentos.

Ao aderir, você deverá detectar o momento de fraqueza de seu oponente, que é a sua melhor oportunidade de utilizar o jin.

Aderir não significa simplesmente usar suas duas mãos; exige a utilização de todo o seu corpo para aderir ao jin de seu oponente.

Se você vai rápido ou lento depende do que manda o seu oponente. Se ele é rápido, você é rápido; se ele é lento, você é lento. Como você não perde contato com seu oponente, ele se sentirá incomodado.

É importante que você mantenha seus braços relaxados e evite empregar a força bruta. Do contrário, você não conseguirá aderir e acompanhar todos os movimentos de seu oponente. Se você perder o contato com seu oponente, não poderá perceber o que ele está fazendo e, se nesse instante, ele utilizar ofajin, você estará a sua mercê.

No Tu Sou, a pessoa mais forte gosta de dominar. É necessário ter muita coragem e disciplina para deixar seu oponente livre para agir e obedecê-lo. Se você aprender a ser paciente e permanecer relaxado sem estar vazio, poderá rapidamente e com facilidade empregar o seu jin. Quando você chegar a essa etapa, o seu jin obedecerá sem demora a todas as suas intenções.



O JIN DE CEDER

Isto significa evitar resistir ou empregar força contra força.

Dependendo do jin de seu oponente, você continua ajustando seu "cheio" e seu "vazio" ao ponto de contato.

Se você permanecer relaxado, poderá "afundar" e seu oponente sentirá o seu peso.

Assim que você perceber que está incidindo no erro do duplo peso é necessário ajustar rapidamente o seu corpo.

Os movimentos de seu oponente partem numa determinada direção. É necessário que você acompanhe a direção em que eles vão sem oferecer resistência. Isso o levará ao "vazio", onde ele não poderá mais empregar sua força. Se seu oponente é extremamente forte e você se acha incapaz de ceder, isto significa que você ainda está resistindo. Se você empregar força contra força, naturalmente o mais forte vencerá.

Se você conseguir ajustar continuamente o "cheio" e o "vazio", você será capaz de manter seu equilíbrio.

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